terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quem sabe ?

O mês novo está chegando e você nunca mais cheirou fundo o meu cabelo. Mas e se eu te ligasse e falasse sem pausa tudo o que ficou guardado no peito depois do adeus? Alguém reservou nosso labirinto cheio de portas. Que desgraça, meu amor. Nosso símbolo, nosso gesto, nosso elo e mais coisas que se perderam depois da chuva. Penso que eu poderia ter sido definitiva, que eu poderia não deixar a sua mão largada daquele jeito, encontrar seus sapatos perdidos debaixo do sofá, interpretar sua cara de quem aprontou mas nunca teve coragem de me revelar confissões, te beijar até te deixar com o rosto vermelho. Agora o que vejo é tão vago. Sinto saudade da nossa risada sem sentido que achava a graça escondida nos cantos do jardim, do seu olhar que me dizia baixinho o quanto eu morava em seu desejo. Mas sabe o que me afunda? Sabe o que me persegue de verdade em pesadelo acordado? Já deixei de ser seu vício. Queria te dizer que nenhuma boca fica tão bonita quanto a sua quando eu beijo e que tanta coisa me relembra você, principalmente quando é vital. Como a água. Igualzinho quando você escorria por meus dedos e eu não fazia nada para impedir. Porque talvez eu não tivesse o que fazer, eu te amava sendo inconsequente e é por isso que ainda te guardo. Porque gente inconsequente como eu não tem mais receio de se perder, amor. E eu não tenho mesmo. O que tenho é notícia boa e momentos em que me gabo de você. Já valeu a pena. Pra todo mundo que pergunta eu digo que você fez loucura comigo. E aí? O amor passou por nós, benzinho, do mesmo jeito que o tempo passa. E foi bom. E foi tudo. E deixou uma falta maior. Você bem que podia me chamar para tomar um café. Odeio café. Só iria querer beber você.

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